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84 Pe. Bartolameo da Monza Foi grande a admiração do padre Mattia ao ver a submissão e a presteza com que os selvagens obedeceram à ordem de seu chefe. E enquanto o padre Mattia estava contemplando, quase absorto, as palmeiras e outras plantas silvestres, não percebeu que alguns selvagens o estavam rodeando com a intenção de matá-lo. O único que se opôs à execução do delito foi o cacique, que se valeu de toda a sua autoridade para impedir que o delito fosse cometido na sua aldeia. Depois ele recebeu o missionário em sua cabana, e o hóspede entre os selvagens é invulnerável. Vendo a conduta de seu chefe, os selvagens mudaram de tática e seguiram o exemplo que lhes era dado. Na volta, o padre Mattia falava com entusiasmo da aldeia do Ponto e de seu cacique, e também da acolhida que lhe fizeram os selvagens. Ele, que não entendia a língua deles, não havia captado uma só palavra da arenga que o cacique fizera a seus dependentes, a qual não tinha sido outra que um forte apelo a que não manchassem a aldeia com o sangue de um missionário que tinha ido até eles sem arma nenhuma, acompanhado só por dois meninos da sua mesma tribo, e que, por isso, estivera inteiramente sob sua proteção. Na volta, os meninos contaram tudo ao irmão Vincenzo, e este, por sua vez, contou o fato a toda a família religiosa. O padre Mattia quase não podia acreditar que tivesse estado tão próximo da morte. Os missionários sabiam de tudo. Eles pregavam e esperavam que a tempestade passasse, e continuavam o seu apostolado. Se havia defec- ções, havia também os que se mostravam fiéis, até entre os selvagens. Das famílias cristãs da colônia, nada tinham que temer: todas eram afeiçoadas aos missionários. E, depois de tudo, os missionários diziam: a Missão é obra de Deus, e Deus a protegerá. E se, nos seus imperscrutáveis divinos decretos, Deus dispôs diferentemente, só nos resta repetir: “Seja feita a vossa vontade”.

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