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O massacre de Alto Alegre 49 da mata virgem haviam sucedido roças e campos abertos, cultivados com todos os melhoramentos da agricultura moderna. Mandioca, milho, arroz davam colheitas abundantes. Onde antes não se viam mais que espinhei- ros, contemplavam-se plantações de cana-de-açúcar, bananeiras, e variadas espécies de plantas frutíferas. A espaços, podiam-se ver largos tratos, cheios de brancos capuchos de algodão. Em lugares mais reservados, canteiros bem protegidos mostravam as qualidades de todo gênero de hortaliças e legumes. Pequenas casas cobertas de telha tomaram o lugar das antigas palhoças, únicas habitações conhecidas pelos selvagens. Isso, quanto ao plano material, pois, quanto ao espiritual, aqui na colônia não mais se ouviam os roucos instrumentos dos pajés ou feiti- ceiros a chamarem os selvagens às matas para oferecer sacrifícios ao deus Tupã e depois abandonarem-se aos mais torpes desregramentos. Então era o som do sino que a todos convidava para a igreja, onde um sacerdote do verdadeiro Deus oferecia todos os dias o santo sacrifício da missa, onde, com hinos e cânticos, louvava-se ao Criador, à Virgem Santa, aos anjos e a todos os santos, onde a palavra de Deus a todos exortava a abandonar o vício e a praticar a virtude. Alto Alegre ou, melhor dizendo, a Colônia de São José da Pro- vidência, era ainda denominada São Bernardo das Selvas. Lá encontrava abrigo o cansado viajeiro, que recuperava as forças alquebradas. Alto Ale- gre era o oásis das selvas. Lá todos encontravam corações abertos, todos, sem nenhuma distinção, eram recebidos com o máximo amor, todos eram socorridos, todos eram tratados como irmãos, porque lá reinava a verdadei- ra caridade de Jesus Cristo. Em Alto Alegre tudo era harmonia. Os selvagens amavam e res- peitavam os missionários, e os missionários correspondiam com duplicado afeto a esse amor, a esse respeito, e não havia sacrifício a que não estivessem preparados, mesmo se para vantagem dos selvagens. Selvagens e missioná- rios eram felizes. Era necessário, pois, que a tribulação os provasse, como homens justos. A tribulação não tardou a visitá-los: eles deveriam ser pro- vados como os vasos de barro na fornalha e como o ouro no fogo.
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