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44 Pe. Bartolameo da Monza O menor motivo serve para atear-se o fogo devastador, que re- duzirá tudo a cinzas. Assim se deu com o padre Giuseppe da Loro. Passa- dos apenas cinco anos, os selvagens, instigados por chefões interesseiros, se rebelaram, e o padre Giuseppe, avisado, mal teve tempo de subtrair-se ao perigo da morte iminente, cruel e bárbara. Os selvagens tiveram ainda diretores civis, mas estes permanece- ram sempre afastados e nenhuma correspondência mantiveram com eles. Naquele período, Barra do Corda foi visitada pelo m. reverendo padre Antonino da Reschio, que depois foi secretário-geral das Missões. Mas ele foi tratado tão mal, que uma vez foi convidado a tomar refeição com os animais! E isso, não de parte dos selvagens, mas dos semiportugueses, raça que leva na fronte a marca da maldição de Deus. Em 1895, chegou a Barra do Corda o m. reverendo padre Carlo da San Martino, superior regular das Missões dos Padres Capuchinhos da Província de São Carlos da Lombardia no norte do Brasil. Seu nome já era conhecido, e todos esperavam sua chegada com a maior ansiedade. Ele foi recebido por toda a cidade com grande demonstração de alegria, e logo conquistou o amor e a estima de todos, e foi grande a sua influência, nem podia ser de outra forma. Eis o que, sobre o padre Carlo, escreve a senhora Gemma Ferrugia em seu livro Nossa Senhora do Mar Doce: “Frei Carlo! Seu nome é reverenciado, lá, como o de um santo; o governador o consulta e aceita seus conselhos; os companheiros lhe têm veneração; muitos índios ainda não convertidos e ainda embebidos, todos, de superstições bárbaras e não raro ferozes, beijam o hábito de frei Carlo numa espécie de idolatria... Uma noite vi o frade tremendo de febre, abatido, os olhos ofuscados pelo sofrimento físico, abandonar a rede para correr a confortar alguém que o tinha chamado: “– Não se mexa, padre, não se trata de um moribundo, mas de um impostor, um bêbado. “– Em todo caso, enfermo” – respondeu – “e eu vou. Minha vida não me pertence, é de todos.” Ao padre Carlo, cingido com tal auréola, foi fácil tornar a fun- dar uma casa das Missões em Barra do Corda. Naquela casa, que já viu dias melhores, que já foi instituto de educação para os filhos dos selvagens, e cujos alunos alegravam toda a cidade com seus instrumentos musicais,

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