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:zl. J3il,li.a e o no110 T:-ernpo É este o capítulo mais tràgicamente actual, mais humano, mais conforme com a angústia humana que deprime a pacífica existência do homem : o consolo reli– gioso que a Bíblia pode levar ao coração do homem moderno. Hilário Bclloc, antes da guerra mundial, apresen– tava, como uma das características crises da Humanidade contemporânea, «a maré alta da desesperação». O dramaturgo e nonlista italiano Pirandello, prémio Nobel de Literatura cm 1984, que morreu dois anos depois, escrevia acerca de si mesmo : «O meu teatro é sério, teatro difícil e perigoso. Nietzsche dizia que os gregos levantavam estátuas brancas sobre o abismo para o ocultar. Eu, ao contrário, derribo-as para o revelar». É a tragédia da alma moderna conclui com cinismo e amargura. Por isso, a sua obra foi classificada de deses– perada mensagem da arte ao espírito de uma época ator– mentada. Este vácuo infinito da sua alma aflita leva-o a for– mular o testamento mais desumano que se conhece: «Quero que a minha morte seja silenciosa. Não quero que me amortalhem. Errrolvam-me num lençol. Não se po– nham flores sobre o meu leito de morte nem velas acesas. O meu caixão seja o mais vil possível e de tábuas nuas. Ninguém me acompanhe, nem parentes nem amigos. Basta-me o caixão e o carro funerário. Queimai o meu corpo e, no final da cremação, dispersai as minhas cinzas, porque não quero que fique nada de mim.»
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